1. Um novo lar na casa da Srta. Minchin O Capitão Cru, um homem alto de rosto bondoso e curtido pelo sol da Índia, segurava firmemente a mão da filha enquanto caminhavam pelas ruas apinhadas. As perninhas de Sara se esforçavam para acompanhar as passadas largas do pai, mas ela não se importava.Ao se aproximarem do Internato Seleto para Moças da Senhorita Minchin, Sara sentiu uma mistura de entusiasmo e nervosismo borbulhando dentro dela. A escola erguia-se à sua frente como uma avó gigante e severa, toda em tijolos, hera e janelas imponentes.A porta da frente abriu-se e a própria Senhorita Minchin apareceu. Ora, se a escola era uma avó severa, a Senhorita Minchin era como um falcão disfarçado de professora. Com seus ângulos agudos e olhos penetrantes, ela examinava Sara de cima a baixo como se decidisse se era uma presa ou não. Mas quando seu olhar pousou no Capitão Cru, todo o seu comportamento mudou.Era bastante óbvio que a Senhorita Minchin estava mais interessada na carteira do capitão do que no bem-estar de Sara. Ela praticamente babava ao ver as roupas finas e o porte confiante do capitão. O pobre Capitão Cru, que Deus o abençoe, não parecia notar.Ele pintou um quadro e tanto: Sara devorando livros como se fossem guloseimas, tagarelando em francês como se tivesse nascido em Pari e, no geral, sendo mais esperta que a maioria dos adultos.Depois veio a lista de exigências. Um quarto particular para Sara? Pode ser. Uma criada pessoal chamada Mariéti? Sem problemas. Aulas extras de francês? Por que não incluir um pouco de caviar, já que estamos nessa?Durante todo esse processo, Sara permaneceu calada, absorvendo tudo. Era como uma pequena esponja, captando cada detalhe de seu novo ambiente.Quando chegou a hora de o Capitão Cru partir, Sara sentiu que seu mundo inteiro desmoronava. Não desejava nada mais do que agarrar-se à perna do pai e implorar para que a levasse de volta à Índia, de volta aos aromas familiares de especiarias e ao abraço caloroso do sol. Mas sabia que essa não era uma opção. Então, manteve-se firme, com o queixo erguido, e prometeu ao pai que seria uma boa menina e estudaria muito.Após a partida de seu pai, a Senhorita Minchin apresentou Sara às outras alunas. Havia Ermengarda, uma garota tímida que olhava para Sara como se ela fosse uma criatura exótica num zoológico. E havia Lavínia, uma garota mais velha cujos olhos se estreitaram de inveja ao ver as roupas finas e o comportamento confiante de Sara.O novo quarto de Sara parecia saído de um conto de fadas, se os contos de fadas tivessem um toque de saudade de casa. Estava repleto de roupas, livros e brinquedos novos. No centro de tudo havia uma boneca especial de seu pai, uma coisa linda com olhos que pareciam seguir Sara pelo quarto.Quando a noite caiu e a escola ficou silenciosa, Sara viu-se verdadeiramente sozinha pela primeira vez. O peso da saudade abateu-se sobre ela como um cobertor pesado, ameaçando sufocá-la. Sentia falta dos sons da Índia - o chilrear dos pássaros exóticos, os chamados distantes dos vendedores ambulantes. Sentia falta dos cheiros - o aroma picante do caril que pairava no ar, o doce perfume do jasmim à noite.Uma lágrima escorreu por sua bochecha, mas Sara a enxugou rapidamente. Ergueu os ombros, a determinação instalando-se como aço em sua coluna.Quando a lua se ergueu sobre Londris, lançando longas sombras em seu novo quarto, Sara Cru iniciou o próximo capítulo de sua vida. Não sabia que aventuras a aguardavam, que amigos faria ou que obstáculos enfrentaria.Mal sabia Sara que sua chegada ao internato da Senhorita Minchin estava prestes a virar a escola inteira de cabeça para baixo. Havia algo nela, uma faísca impossível de ignorar. As outras garotas não conseguiam deixar de sentir-se atraídas por ela, como mariposas por uma chama. E quando Sara adormeceu naquela noite, os sussurros já haviam começado. Quem era essa garota nova?
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