A cena sombria era de desanimar qualquer um. No meio daquilo tudo, o velho Ebenezer Scrooge estava curvado sobre sua escrivaninha num escritório mal iluminado. O avarento trabalhava arduamente, sua pena arranhando os livros contábeis como um rato tentando escapar de uma armadilha.O frio era de rachar. Infiltrava-se pelas paredes como um intruso, congelando tudo que tocava. Mas Scrooge? Era mais duro que pedra com seu dinheiro. Nem sequer jogava um mísero pedaço de carvão no fogo.Na sala ao lado, estava Bob Cratchit, o empregado de Scrooge. O coitado tremia como vara verde, tentando aquecer os dedos congelados sobre uma vela.Quando se pensava que as coisas não podiam piorar, a porta se abriu com uma rajada de vento capaz de congelar até os ossos. Fred, o sobrinho de Scrooge, entrou com cara de quem tinha acabado de ganhar na loteria. Suas bochechas estavam vermelhas como pimentões e seus olhos brilhavam mais que as luzes natalinas.Mas Scrooge? Não estava nem aí. Olhou para Fred como se ele tivesse acabado de sujar seu chão limpo. Em seguida, cuspiu "Que bobagem!" como se fosse um bocado de leite azedo. Começou a falar sobre a estupidez do Natal, como um disco riscado. Fred, coitado, fez o possível para derreter o coração gelado do tio.Depois que Fred foi embora, levando todo o calor consigo, dois senhores apareceram. Estavam fazendo uma coleta para os pobres, olhando para Scrooge com olhos esperançosos. Grande erro. A resposta de Scrooge foi mais fria que gelo seco. Insistia que as prisões e as casas de trabalho eram suficientes para os pobres, suas palavras afiadas como estalactites.No fim do dia, Scrooge, a contragosto, deixou Cratchit ter folga no Natal. Mas, como sempre, insistiu que chegasse mais cedo no dia seguinte para compensar. Scrooge contava os minutos como se fossem moedas de ouro.Com os negócios encerrados, Scrooge saiu às ruas. A neblina havia ficado mais densa, envolvendo-o como um manto de escuridão. Dirigiu-se ao seu local habitual para comer, um lugar tão alegre quanto um cemitério à meia-noite.Quando os últimos ecos das canções natalinas se desvaneceram como fantasmas na noite, Scrooge foi para casa. Sua residência era como uma lápide grande e escura - apropriada para alguém que enterrou o próprio coração sob pilhas de dinheiro.Ao se aproximar da porta da frente, algo estranho chamou sua atenção. A aldrava, que normalmente era apenas um pedaço de metal, parecia. diferente. Piscou, esfregou os olhos, mas ela continuava lá. De alguma forma, a aldrava havia se transformado no rosto de seu falecido sócio, Jacob Marley. Scrooge sentiu o coração disparar.