1. Chegada a Moscou: Uma crise familiar Anna Arkadyevna Karenina estava num trem a caminho de Moscou. Mulher sofisticada e encantadora de São Petersburgo, ia à capital com a missão de resolver uma crise familiar. O trem avançava rapidamente, seu ruído rítmico em sintonia com o turbilhão de pensamentos na mente de Anna.Normalmente, Stepan era a alma da festa, sempre pronto para uma piada ou um sorriso. Mas tinha fraqueza por rostos bonitos e, dessa vez, foi apanhado com a boca na botija, por assim dizer. Tivera um caso com a governanta dos filhos.A esposa, Darya Alexandrovna - Dolly para os íntimos - estava, compreensivelmente, arrasada. Ameaçava fazer as malas e partir, com filhos e tudo. Parecia algo saído de uma novela, mas com pessoas reais e consequências reais. Foi aí que Anna entrou em cena.Assim que chegou a Moscou, Anna foi direto à casa de Dolly. O ambiente estava pesado, com uma tensão palpável. Encontrou Dolly no quarto, olhos inchados e vermelhos, como se tivesse enfrentado dez rounds com um campeão dos pesos pesados. Anna não se apressou em dar conselhos ou fazer julgamentos.Anna compartilhou algumas de suas próprias experiências, sem sermões, apenas se solidarizando. Foi como ver o gelo derreter sob o sol da primavera, à medida que a determinação de Dolly se abrandava lentamente. As palavras de Anna eram como um bálsamo para uma ferida aberta. Não inventou desculpas para Stepan, mas ajudou Dolly a ver o quadro geral.Quando Anna terminou de fazer sua mágica, Dolly ao menos considerava o perdão. Não era um final de conto de fadas com pássaros cantando e arco-íris no céu, mas era um começo.Durante sua estadia, Anna se viu num jantar. Era uma daquelas festas chiques em que todos tentam se sobressair com piadas inteligentes e fofocas suculentas. Em meio a toda essa conversa, conheceu Konstantin Dmitrievich Levin. Levin destoava um pouco naquele ambiente. Sentia-se mais à vontade em sua propriedade rural do que nesses círculos sociais brilhantes.Levin destacava-se como um peixe fora d'água, cheio de energia nervosa e pensamentos profundos. Era como um elefante numa loja de porcelana, tropeçando na delicada dança da conversa fiada e das gentilezas sociais.Justo quando Anna pensou que sua viagem não poderia ser mais agitada, o destino lhe pregou outra peça. Na estação de trem, provavelmente comprando algumas lembrancinhas de última hora, ela encontrou o conde Alexei Kirillovich Vronsky. Vronsky era tudo o que Levin não era: confiante, arrojado, o tipo de homem que poderia encantar até uma estátua.A interação entre eles foi breve, apenas algumas palavras trocadas, mas foi como fogo em palha seca. Vronsky ficou completamente deslumbrado com a beleza e o charme de Anna. Era como se tivesse vivido em transe a vida inteira e de repente acordasse. E Anna?Quando Anna se preparou para voltar a São Petersburgo, não pôde deixar de se sentir satisfeita consigo mesma. Viera, vira, vencera - ou, pelo menos, consertara as coisas da melhor maneira possível. O drama familiar que parecia ser o Everest agora não passava de um morro íngreme.Contudo, mesmo enquanto se aquecia com a sensação de dever cumprido, havia um incômodo no fundo do estômago. Aquele encontro casual com Vronsky mexera com algo nela, como uma música há muito esquecida que de repente volta à memória.Quando o trem partiu da estação, levando Anna de volta à sua vida em São Petersburgo, a paisagem que passava espelhava o turbilhão de emoções dentro dela. Fora a Moscou para resolver um problema, mas quem diria que novas complicações poderiam ter sido postas em movimento?Mal sabia ela, enquanto se acomodava em seu assento para a longa viagem de volta para casa, que Moscou ainda não terminara com ela. A cidade preparava algo grandioso, algo que a puxaria de volta para seu abraço brilhante e perigoso. Um grande baile estava no horizonte, prometendo uma noite que mudaria tudo.
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